#PrayforAmazonia

A hashtag Pray For Amazonia foi um dos grandes destaques mundiais nas redes sociais nas últimas semanas. Isso ocorreu depois que ganhou grande notoriedade um fenômeno ambiental ocorrido em São Paulo. Lá, a tarde de segunda-feira, dia 18 de agosto, escureceu após a chegada de uma frente fria que carregava material particulado de incêndios florestais da região amazônica (link).

O problema já havia recebido notoriedade após o INPE apontar que a Amazônia perdera 1000 km² de florestas apenas na primeira quinzena de julho, aumento de 68% quando comparado com o mesmo período de 2018. Mas com o evento em SP, os incêndios florestais ganharam ainda mais destaque. O número de focos de incêndios na Amazônia Legal no mês de agosto foi o maior para um mês desde 2009. Foram 30.901 focos, quase três vezes maior que agosto de 2018, que registrou 10.421 focos (link).

Contudo, quando comparado com outros anos da série histórica, o número de focos ainda é menor. Então, por que o assunto ficou tão evidente?

O primeiro ponto são as mudanças nas políticas ambientais ocorridas neste ano. Após propor a extinção do Ministério do Meio Ambiente, o governo federal passou a adotar medidas que enfraqueceram o órgãos voltados à proteção ambiental: transferiu o Serviço Florestal Brasileiro para o Ministério da Agricultura; anunciou a revisão de todas as UCs do país, exigiu que os técnicos do IBAMA anunciassem previamente os locais que seriam alvo de repressão de crimes ambientais; exonerou 21 superintendentes regionais do IBAMA; entre outras (link).

Não obstante, o presidente da república e o ministro do meio ambiente passaram a transmitir gestos que, mesmo que não intencionalmente, estimulam ações ilegais. Destaca-se o vídeo feito pelo Presidente em abril, pelo qual desautorizada a destruição de equipamentos e veículos utilizados na prática ilegal do desmatamento, apesar da ação ser prevista em legislação quando seu transporte ou guarda forem inviáveis (link).

Todos esses eventos merecem ser destaques nas discussões cotidianas, já que a Amazônia possui uma grande importância ambiental e econômica para todo o continente (e planeta), que ainda não é totalmente conhecida e difundida.

Contribuintes do rio Amazonas

Por ser uma região muito extensa e muito arborizada, tem influência no regime de chuvas de todo o centro-sul do país (link). Estima-se que aproximadamente 3,4 trilhões de metros cúbicos de vapor de água é transportado para fora das áreas da Amazônia por ano (1 metro cúbico equivale a 1000 litros). Comparativamente, o volume se refere a 52% da vazão do rio Amazonas na foz (ver imagem ao lado). Além disso, até 70 % das chuvas na estação chuvosa em SP tem origem do vapor amazônico. (link).

Além disso, por ser apontado como uma das regiões com maior biodiversidade do planeta, sua preservação ganha mais um importante viés econômico: sua exploração comercial não se limita a setores da base florestal, mas, também, a de alimentos e bebidas (tapioca, guaraná, etc.), aproveitamento de biomassa (agrícola e industrial), higiene pessoal e cosméticos (castanha-da-Amazônia, andiroba, copaíba, cupuaçu, guaraná, buriti, açaí, etc.), fármacos e medicamentos, entre muitos outros (link).

Por fim, é opinião de diversos especialista que o discurso e ações adotados pelo governo trarão consequências econômicas negativas (link). O principal prejudicado é o próprio setor agropecuário, que mais pressiona os recursos florestais. Nas redes sociais e até em revistas internacionais já é possível ver a defesa a boicotes à produtos brasileiros (link). Além disso, multinacionais já adotam essas medidas, como a VF Corporation, gestoras das marcas Kipling, Timberland, Vans e outras quinze, que interrompeu o uso de couro e curtume brasileiro (link).

Para contornar uma das piores crises econômicas da história brasileira, com a expectativa de estarmos vivendo a pior década dos últimos 120 anos (link), precisamos avançar. Mas avançar com sustentabilidade.

*Publicado originalmente no LinkedIn. Acesse a fonte nesse link.

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